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Crianças podem tomar café? Saiba quando é prejudicial




Se você nunca recebeu essa pergunta: “Mãe, posso tomar café?” de duas uma: Ou não tem uma criança com idade suficiente para falar ou sua família não tem o hábito de tomar café em casa! As crianças aprendem por imitação, são curiosas e querem fazer o que os pais fazem em casa, não é verdade? E isso não seria diferente quanto ao consumo da bebida mais famosa do mundo: O CAFÉ.


O café é uma das bebidas mais consumidas do mundo e, possivelmente, é a única substância psicoativa disponível legalmente para crianças, vendida entre alimentos e bebidas - chás, café, refrigerantes e bebidas energéticas. Uma quantidade pequena para um adulto pode ser surpreendentemente grande para uma criança e causar aumento da frequência cardíaca, da pressão arterial, aumentar sintomas de refluxo, ansiedade e fazê-la ter distúrbios do sono.

O aumento de seu consumo entre os jovens aumenta exponencialmente e estudos demonstram que, em uma criança de 10 anos, esse excesso pode causar distúrbios transitórios de comportamento tais como excitabilidade, irritabilidade, nervosismo e ansiedade. O motivo é que as crianças apresentam maior sensibilidade aos efeitos da cafeína, e quantidades menores podem causar intoxicação.


Um estudo de 2015 com mães de Boston, nos Estados Unidos, revelou que 14% das entrevistadas permitiam que seus filhos de 2 anos bebessem até meia xícara de café por dia. O estudo também apontou que 2,5% das mães deram café para seus filhos de 1 ano de idade. Essa também é uma realidade no Brasil.



Em 11 de outubro de 2022 ocorreu o National Conference & Exhibition da American Academy of Pediatrics (AAP) em Anaheim, CA. Uma palestra proferida pelo Prof. Mark R Corkins (Professor of Pediatrics, University of Tennessee) onde foram relatados casos de crianças menores de cinco anos que chegavam à sala de emergência dos hospitais americanos com batimentos cardíacos irregulares e taquicárdicos sem nenhuma causa aparente, mas após rigorosa anamnese descobria-se que haviam consumido refrigerantes, principalmente do tipo cola, ou em muitos casos café ou chá horas antes do evento.


Elaine Alvarenga, da Universidade Federal de Minas Gerais, realizou uma revisão de 70 estudos demonstrando que não é segura a ingestao de bebidas cafeinadas pela faixa etária pediátrica, sendo que esta não traz benefícios e ainda é capaz de causar diversos efeitos adversos, com o poder inclusive de interferir no desenvolvimento dos sistemas nervoso e cardiovascular, além do risco de dependência e intoxicação.


O que dizem as Entidades de saúde?

  • SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA: Não existe consenso ou recomendação mundial que estabeleça limites para o consumo de cafeína por crianças e adolescentes. Por isso, a SBP entende que é necessário alertar os pais e cuidadores sobre outras opções alimentares mais saudáveis e que podem ser oferecidas às crianças.


  • ACADEMIA AMERICANA DE PEDIATRIA: não recomenda café ou outros produtos que contenham cafeína como chá preto, chá branco, refrigerante do tipo cola, guaraná, bebidas esportivas isotônicas ou outros produtos que contenham cafeína para crianças menores de 12 anos, enquanto adolescentes entre 12 e 18 anos devem limitar sua ingestão a menos de 100mg por dia (uma xícara de café).


Veja abaixo a quantidade de cafeína estimada por porção de bebida:


BEBIDA

QUANTIDADE DE CAFÍNA POR PORÇÃO

CAFÉ COADO (1 XÍCARA 150ml):

entre 150 e 300mg

CAFÉ EXPRESSO (1 XÍCARA 40ml)

varia de 90 a 200mg

CAFÉ DA FAMOSA STARBUCKS (EMBALAGEM TRADICIONAL 210ML)

360 mg

CHÁ (1 XÍCARA)

47mg

​REFRIGERANTE COLA (1 LATA - 350ML)

35mg

CHIMARRÃO (100mL)

​29 a 90mg de cafeína, a depender da erva utilizada

​ENERGÉTICO (LATA DE 250ML)

80mg de cafeína

A recomendação diária de cafeína por ADULTOS, segundo a nova legislação publicada na RDC 243/2018, é de 400mg ao dia sendo 200mg por porção. O que daria em média, duas xícaras de café por dia. Para crianças a quantidade acima de 50mg/dia já é considerada alta.

As crianças não são pequenos adultos. Nós, enquanto profissionais de saúde, temos o dever de alertar aos cuidadores dos riscos de oferecer essa bebida aos pequenos. Quanto mais cedo iniciar a oferta, piores podem ser as repercussões, principalmente a médio e longo prazo. Cabe aos pais tomarem a melhor decisão e optarem por ofertar opções de bebidas mais saudáveis aos filhos.


Com carinho,


Dra. Rafaella Mousinho

Pediatra
CREMEC 17277/RQE 9647





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